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1. Pampa, bioma integrado às discussões da COP30
Para além da relevância da Amazônia, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima também se desdobra, entre suas várias vertentes, na chance de o Brasil integrar seus outros biomas - Foto: Raimundo Paccó/COP30
O Pampa, bioma que ocupa mais de 190 mil km² do sul brasileiro, também está integrado às discussões da COP30, que acontece em Belém. A Conferência do Bioma Pampa, realizada em Porto Alegre, em outubro, no contexto da COP30 para integrar os diversos biomas brasileiros à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima em Belém, resultou na Carta do Bioma Pampa, apresentada pelo Governo do Rio Grande Sul, por meio da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), em parceria pelo Consórcio Brasil Verde - Governadores pelo Clima. O documento, que consolida as principais contribuições e compromissos do estado gaúcho para o bioma com o objetivo de fortalecer a governança climática subnacional, será apresentada durante a COP30.
A iniciativa do Rio Grande do Sul integra uma mobilização nacional dos estados brasileiros nos meses que antecederam a COP30, para levar ao evento da ONU em Belém às contribuições estratégicas de cada bioma brasileiro para a agenda do clima. “O Rio Grande do Sul tem um papel importante na agenda climática nacional por ser o estado brasileiro a contar com um bioma exclusivo. A construção da minuta da carta, de forma participativa, representa parte da nossa contribuição para a COP30, levando ao debate internacional as soluções e experiências que nascem aqui, no território gaúcho”, destacou a secretária da Sema, Marjorie Kauffmann, durante a Conferência do Bioma Pampa.
No encontro, os especialistas destacaram a inclusão do bioma no Código Estadual do Meio Ambiente (Lei nº 15.434/2020) e a publicação do Decreto Estadual nº 58.190/2025, que regulamenta a conservação, proteção, recuperação e uso sustentável do Pampa. O bioma é identificado por uma unidade paisagística formada por campos, caracterizados por extensos terrenos planos a suavemente ondulados, cobertos por vegetação herbácea e arbustiva de elevada biodiversidade.
PPPAMPA – No âmbito do Governo do Brasil, o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas do Pampa (PPPampa) foi construído a partir das realidades sociais, econômicas e ambientais do bioma e das contribuições e discussões ocorridas durante o I Seminário Técnico-Científico sobre as Causas e Consequências da Supressão da Vegetação Nativa no Pampa, realizado em 24 de abril de 2024, em Porto Alegre (RS).
EIXOS ESTRATÉGICOS – O PPPampa está baseado em quatro eixos estratégicos. O primeiro refere-se a atividades produtivas sustentáveis e visa promover a sociobioeconomia e a conciliação da produção econômica com a conservação ambiental. O segundo, que trata do monitoramento e controle ambiental, busca fortalecer as instituições federais e garantir a responsabilização por crimes e infrações administrativas ambientais. O terceiro eixo trata do ordenamento fundiário e territorial, cujo objetivo é tornar mais sólida a gestão de áreas protegidas e alinhar o planejamento de grandes empreendimentos com as metas ambientais nacionais. Por fim, o quarto eixo abarca os instrumentos normativos e econômicos com o intuito de construir uma governança ambiental justa por meio de normas e mecanismos financeiros.
SUPRESSÃO – Dentre os principais vetores de supressão de vegetação no bioma, destaca-se a conversão de uso do solo para agricultura, silvicultura e o cultivo de pastagens exóticas. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais-Inpe (2023), a supressão de vegetação acumulada de campos e florestas no Pampa foi de 114,16 mil km² em 2023, o que representa cerca de 58,9% do bioma.
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RISCO ELEVADO – Apesar de observada relativa queda na supressão anual de vegetação nativa nos últimos anos – em 2021 a área de supressão do bioma foi de 1,5 mil km²/ano, tendo sendo reduzida para 655km²/ano em 2023 –, caso a supressão de vegetação nativa se mantenha estável nos índices de 2023 e não sejam empregados esforços para recuperação, restauração ou regeneração da vegetação, metade dos remanescentes campestres do Pampa serão perdidos até 2070.
Não é à toa que a COP30 aconteça no coração da floresta amazônica. É uma oportunidade para que políticos, diplomatas, cientistas, ativistas e jornalistas conheçam a realidade da Amazônia.
Queremos que o mundo veja a real situação das florestas, da maior bacia hidrográfica do… pic.twitter.com/H0igAko1wb
A COP É AQUI – Antes do início da COP30, que prossegue até o dia 21 deste mês, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) trabalhou para fortalecer o debate climático e ambiental e ampliar o engajamento da sociedade brasileira no enfrentamento da crise climática. A pasta impulsionou debates locais, em ações que ocorrem no âmbito da iniciativa “A COP é Aqui”. O projeto estimulou a criação de espaços de reflexão e diálogo em diferentes regiões do país, com o objetivo de aproximar a sociedade das discussões propostas pela conferência e promover a participação de escolas, coletivos, instituições públicas e privadas, comunidades, estudantes e outros grupos organizados.
MATERIAIS DIGITAIS – A iniciativa disponibilizou um conjunto de materiais digitais e audiovisuais sobre a agenda climática, que podem ser utilizados em rodas de conversa, aulas, oficinas e exibições públicas. Ao término das atividades, as ações devem ser registradas por meio do formulário disponível no link. Os conteúdos dividem-se em três eixos principais:
Diálogos “Nós no clima da mudança” - cadernos com informações, propostas de atividades e construção coletiva, elaborados com apoio do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Os materiais foram construídos no contexto da VI Conferência Nacional Infantojuvenil de Meio Ambiente.
Balanço Ético Global (BEG) - guia para diálogos autogestionados, tendo a ética e arte como eixos, com perguntas conectadas aos temas em negociação na COP30.
Mostra Circuito Tele Verde Ecofalante - A COP é aqui oferece produções em vídeo para realização de mostras audiovisuais temáticas em escolas e espaços culturais.
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