Bolsa Família: 70% dos adolescentes deixaram o programa em 10 anos

Bolsa Família: 70% dos adolescentes deixaram o programa em 10 anos

Aumento da escolaridade, do acompanhamento em saúde e inserção no mercado formal de trabalho foram fundamentais para a melhoria de vida dos jovens. Bolsa Família também alcançou maior índice de acompanhamento escolar desde 2023

1. Bolsa Família: 70% dos adolescentes deixaram o programa em 10 anos

A pesquisa revelou que 52,67% dos jovens entre 15 e 17 anos, que recebiam o Bolsa Família em 2014, também deixaram o Cadastro Único, que inclui faixas de renda mais elevadas do que a do programa. Foto: Lyon Santos/ MDS

O Bolsa Família é responsável pela quebra do ciclo da pobreza entre gerações de uma mesma família. Desde 2014, 70% dos adolescentes que estavam em lares que recebiam o benefício, deixaram de depender dele. É o que aponta o estudo “Filhos do Bolsa Família: uma análise da última década do programa”, apresentado pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e pela Fundação Getulio Vargas (FGV), nesta sexta-feira, 5 de dezembro.

Em média, independentemente da idade, 60,68% dos beneficiários de 2014 deixaram o programa até 2025. A saída mais elevada foi entre os adolescentes: 68,8% na faixa de 11 a 14 anos e 71,25% na faixa de 15 a 17 anos. Presente na divulgação do estudo, no Rio de Janeiro, o ministro do MDS, Wellington Dias, atribuiu a saída das famílias do programa a fatores como as condicionalidades em saúde e educação.

“As gerações de filhos e filhas de pais que dependiam do Bolsa Família estão saindo da pobreza. Mais de 70% de jovens entre 15 e 17 anos em 2014, agora saem da pobreza quando chegam a uma idade de 20, 25 anos. Por quê? Principalmente por conta dos estudos. A condicionalidade na transferência de renda no Bolsa Família relacionada à educação”, analisou o ministro.

SAÍDA DO CADÚNICO — A pesquisa revelou ainda que 52,67% dos jovens entre 15 e 17 anos, que recebiam o Bolsa Família em 2014, também deixaram o Cadastro Único, que inclui faixas de renda mais elevadas do que a do programa. Desse total, 28,4% tem emprego com carteira assinada em 2025. Entre os jovens de 11 a 14 anos, 46,95% saíram do CadÚnico e 19,10% possuem vínculo formal atualmente.

Wellington Dias destacou que os dados comprovam que garantir infraestrutura, educação e emprego formal é decisivo para que as famílias superem a pobreza. “Significa que a meta da inclusão socioeconômica, trabalhar o desenvolvimento social, integrado com o desenvolvimento econômico, como lançou o Presidente Lula, está dando resultado”, reforçou Dias.

O ministro acrescentou que a pesquisa vai na mesma direção de outros estudos recentes, que também revelaram que os jovens beneficiários deixam o programa, se inserem no mercado formal e melhoram de vida quando adultos. “Ao contrário do preconceito difundido, de que o Bolsa Família desestimula o emprego, temos evidências científicas que o programa atua estimulando o emprego e a superação da pobreza”, enfatizou.

TENDÊNCIA — Os resultados apresentados nesta sexta-feira projetam, ainda, uma tendência de continuidade: a próxima década deverá aprofundar os ganhos de autonomia, trabalho e redução sustentável da pobreza no país.

CONDICIONALIDADES — A mudança de vida dos “filhos do Bolsa Família” é ainda mais evidente quando a proteção de renda se combina com educação, serviços públicos e oportunidades locais. As maiores taxas de saída ocorrem em áreas urbanas, em domicílios com melhor infraestrutura, entre jovens cujos pais tinham emprego formal e famílias com maior escolaridade. Porém, mesmo em contextos de maior vulnerabilidade, mais da metade dos jovens também conseguiu romper a dependência do programa.

COMPROMISSOS — As condicionalidades são compromissos que as famílias beneficiárias devem cumprir para continuar recebendo os benefícios do Bolsa Família. Na área de saúde, as crianças menores de sete anos devem cumprir o calendário de vacinação e realizar acompanhamento do estado nutricional (peso e altura) e as gestantes devem realizar o pré-natal.

Já na área de educação, as crianças, adolescentes e jovens devem frequentar a escola. A frequência escolar mensal mínima varia de acordo com a idade:

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Os dados mostram que dois mecanismos recentes do Governo do Brasil têm papel decisivo na consolidação dessa mudança:

ACOMPANHAMENTO ESCOLAR — O Programa Bolsa Família também alcançou o maior índice de acompanhamento escolar desde a sua retomada em 2023, de acordo com o MDS. A taxa chegou a 87,7%, com 15,69 milhões de crianças e adolescentes entre quatro e 17 anos monitorados. As faixas etárias de seis a 15 anos e de quatro a cinco anos também apresentaram desempenho expressivo, com acompanhamentos de 89,9% e 82,7%, respectivamente. Os dados referem-se aos meses de agosto e setembro de 2025.

MONITORAMENTO — O acompanhamento é feito periodicamente e monitora matrícula e frequência escolar dos estudantes beneficiários. Esse processo, realizado em parceria entre o MDS, Ministério da Educação (MEC), estados e municípios, orienta ações de busca ativa e contribui para manter crianças e adolescentes na escola.

ACESSO A SERVIÇOS — A secretária nacional de Renda de Cidadania do MDS, Eliane Aquino, explicou que o acompanhamento permite ao Bolsa Família identificar rapidamente possíveis situações de vulnerabilidade. “Essa integração entre as redes e o trabalho conjunto das equipes em estados e municípios são fundamentais para seguirmos avançando no Programa. Isso garante que as famílias tenham acesso a serviços essenciais, como educação de qualidade. Sabemos o quanto a educação é importante para romper o ciclo da pobreza entre gerações”, destacou.

ALUNOS NÃO LOCALIZADOS — Paralelamente ao recorde no acompanhamento escolar, o MDS registrou que, entre agosto e setembro, o número de alunos classificados como não localizados (NLOC) — estudantes sem registro de matrícula ou frequência no Sistema Presença — caiu para 1,71 milhão, o menor patamar desde o início do novo Programa, representando 9,56% do público elegível. O resultado corresponde a uma redução expressiva de 25,2% em relação ao período anterior (junho e julho).

FORTALECIMENTO DA REDE — A queda atual é resultado do aprimoramento da gestão, da retomada da busca ativa, do fortalecimento da rede educacional e da articulação entre diferentes políticas públicas por meio das comissões intersetoriais, além da maior integração entre União, estados e municípios.

Ao longo de 2025, a redução dos NLOC se intensificou. Entre fevereiro e setembro, 2,38 milhões de estudantes deixaram de ser considerados não localizados após terem suas matrículas e frequências registradas corretamente no Sistema Presença. Somente entre agosto e setembro, foram incluídas 577 mil novas informações de alunos que antes estavam sem registro, evidenciando o avanço das ações de busca ativa.

Andreazza Joseph
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