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Governo publica estratégias e recomendações para o combate ao discurso de ódio e ao extremismo

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GT realizou 15 reuniões ao longo de quatro meses - Foto: Clarice Castro (MDHC)
Relatório final aponta violência nas escolas, atos antidemocráticos, racismo, xenofobia, homofobia e misoginia como alguns dos principais problemas a serem enfrentados pelo poder público e pela sociedade

Atento às causas, dinâmicas e consequências do discurso de ódio e do extremismo no Brasil, o Governo Federal publicou, nesta segunda-feira (3/7), o Relatório de Recomendações para o Enfrentamento ao Discurso de Ódio e ao Extremismo no Brasil. O documento é o esforço de pensar a construção de um país livre da violência e conclui o trabalho de um grupo composto pelo Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC) em colaboração com representantes do poder público, observadores internacionais convidados e sociedade civil.

O relatório aponta questões recentes da realidade brasileira, associadas aos ataques à democracia e à paz, que prejudicam o funcionamento das instituições e provocam violentos conflitos sociais que resultam em vítimas. Entretanto, foca na apresentação de um diagnóstico, com diretrizes e recomendações estratégicas a serem adotadas por agentes e instituições.

“O grupo de trabalho espera que o relatório circule como um documento de reflexão sobre a urgência do enfrentamento ao ódio e ao extremismo no Brasil e que permita ter a prevenção e o cuidado das vítimas no centro das respostas institucionais e políticas”, propõe a presidenta do GT, Manuela d’Ávila, e o relator, Camilo Caldas, no texto de apresentação do Relatório.

Em colaboração com Manuela (mestra em políticas públicas) e Camilo (advogado, professor e pós-doutor em democracia e direitos humanos), trabalharam nomes como a antropóloga Débora Diniz, o psicanalista e professor Christian Dunker e o influenciador Felipe Neto. O Grupo de Trabalho (GT) realizou 15 reuniões ao longo de quatro meses — entre março e junho — integrando o diálogo entre representantes do MDHC, cinco representantes de instituições de Estado e 24 representantes da sociedade civil.

A publicação é uma espécie de mapeamento dos problemas e crimes a serem enfrentados no país: a misoginia; o racismo contra pessoas negras e indígenas; o ódio contra a população LGBTQIA+; a xenofobia contra estrangeiros e brasileiros das regiões Norte e Nordeste; o ódio contra pessoas e comunidades pobres; intolerância contra comunidades e pessoas religiosas e não religiosas; capacitismo contra pessoas com deficiência; grupos geracionais mais vulneráveis ao contágio do extremismo: jovens e pessoas idosas; atos extremistas contra as escolas, entre tantos outros casos de ódio e violência extrema.

Outro ponto do relatório é compreender quais as tecnologias usadas por indivíduos e comunidades de ódio para operar e promover o contágio da opinião pública com narrativas de ódio, além de se analisar como é mobilizado os sentimentos de parcelas da população que lidam com a desinformação. Porém, o documento ressalta que as denominações têm apenas um caráter indicativo, não podendo ser tomadas como referência exaustiva sobre cada um dos temas abordados. É recomendada a consulta às referências que estão contidas em cada uma das fontes apresentadas no texto.

FÓRUM PERMANENTE DE ENFRENTAMENTO — Dentre o conjunto de estratégias e recomendações ao enfrentamento, destacam-se os campos de educação e cultura em direitos humanos; escola e universidade promotoras da paz e da convivência democrática; internet segura, educação midiática e comunicação popular e comunitária; proteção às vítimas dos discursos de ódio; dados e pesquisas para subsidiar as ações e políticas públicas; e boas práticas para jornalistas e comunicadores para enfrentar o discurso de ódio. De acordo com o GT, essas recomendações podem – e devem – ser aperfeiçoadas pelas instituições competentes e responsáveis por cada uma delas.

Outro item indicado no documento é a necessidade de que o MDHC crie o “Fórum Permanente de Enfrentamento ao Discurso de Ódio e ao Extremismo” para participar, acompanhar e articular projetos e ações de combate aos problemas. O fórum iria contribuir também na revisão do Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-4) para contemplar as questões enfrentadas pelo GT ao sugerir que o governo brasileiro adote o enfrentamento e a prevenção ao ódio e ao extremismo como parte de um política de Estado na área de direitos humanos e de forma transversal entre diferentes ministérios e áreas governamentais.

Considerando os temas educação e cultura, por exemplo, o relatório aponta a necessidade da promoção da paz e da convivência democrática nas escolas, por meio de ações de proteção e prevenção, desenvolvidas a partir de um Plano Nacional de Enfrentamento à Violência nesses locais. Recomenda-se ações de educação midiática para promover uma postura ativa de docentes, estudantes, familiares; programas de saúde mental; e uma rede de inteligência entre os órgãos responsáveis pela garantia da Segurança Pública e as organizações da sociedade civil, universidades e instituições que produzem monitoramentos e estudos.

INTERNET — Com relação ao discurso de ódio on-line, o documento recomenda ações para lidar com os novos desafios dessa prática viral crescente e, em particular, para abordar as consequências off-line na paz, estabilidade e garantia dos direitos humanos para todos. Como, por exemplo, estruturar a política de educação midiática — em processo de consolidação pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência — em diálogo com a educação e cultura para os direitos humanos; judicializar e responsabilizar os super disseminadores (superspreaders) e os “fiadores do ódio”; bem como fortalecer a mobilização em torno de um novo marco regulatório para as plataformas digitais e a inteligência artificial.

Também se destaca a recomendação para que o Governo Federal continue direcionando esforços para ratificar e implementar a Convenção Interamericana contra Toda Forma de Discriminação e Intolerância (até então não ratificada pelo Brasil). Os membros do GT ainda orientam que o Governo Federal siga empenhado, junto ao Congresso Nacional, para a ratificação da Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos dos Idosos.

Já os esforços envolvendo o bloco econômico do Mercosul, a orientação é pela continuidade ao tratamento do tema no âmbito da região, com o apoio do Instituto de Políticas Públicas e Direitos Humanos (IPPDH).

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Andreazza Joseph é um dos muitos potiguares talentosos que estão espalhados pelo mundo, multifacetado, possuindo formação em Direito e Jornalismo, além de atuar como produtor audiovisual na AgênciAzzA. Com sua paixão pela cultura nordestina, ele se destaca como um cordelista e multi-instrumentista. Sua habilidade em diversas áreas o torna uma figura versátil e criativa, trazendo uma perspectiva única para cada matéria que escreve."

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“Caminhos assistenciais” do Governo Federal liberam rodovias para garantir abastecimento do Rio Grande do Sul

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Prioridade é a liberação ágil de trechos essenciais para assegurar o fluxo de veículos com suprimentos, comida, oxigênio e combustível

Com mais de 400 cidades atingidas pelo alto volume de chuvas que caiu sobre o território gaúcho, o Governo Federal desenvolveu um plano emergencial para reestabelecer o fluxo viário em rotas estratégicas para assegurar o atendimento da população e impedir o desabastecimento de itens essenciais para a população do Rio Grande do Sul.

“Esses caminhos assistenciais, como estamos chamando, são para garantir salvamento e abastecimento do estado, sobretudo com oxigênio e remédio, comida e água, além da chegada de combustível, para não haver outras paralisações nesta crise e intensificarem ainda mais o sofrimento do povo gaúcho neste momento”, informou o ministro dos Transportes, Renan Filho. “É um plano de trabalho com prioridades a serem adotadas em 48 horas”.

Para isso, são usados maquinários pesados, como tratores, escavadeiras, guindastes e caminhões. Há cerca de 200 equipamentos e 600 homens atuando diretamente no estado. Em alguns pontos de rompimento de trechos de estrada, a solução é preencher as brechas com pedras para permitir a passagem dos veículos. Um dos trechos liberados é a BR 290, que liga Porto Alegre a Santa Maria e segue até a fronteira com a Argentina, por onde passa 30% do comércio internacional do país. Equipes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), de concessionárias e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) seguem no para restabelecer o fluxo viário.

“Liberamos o fluxo na BR 290. O momento é de trabalhar pela preservação da vida, reencontro das famílias e reconstrução do Rio Grande do Sul. Nesses caminhos serão permitidos transporte de alimentos, remédios, oxigênio, combustíveis, resgates e pacientes em ambulâncias”, comentou o ministro.

Já estão liberados também trechos das BRs-116/RS, entre Estância Velha a Nova Petrópolis; de Vacaria a Campestre da Serra; e de Caxias a São Marcos. Também foi restabelecido o fluxo na BR-392/RS, de Santa Maria a Caçapava do Sul, possibilitando o acesso ao Porto de Rio Grande, beneficiando a região de Pelotas. Até esta quarta-feira (8/5), serão realizadas ainda as seguintes liberações: na BR-116/RS, sentido norte do estado, no trecho do Viaduto da Scharlau, e a ponte sobre o Rio dos Sinos.

 

Na BR-470, passagem liberada de Carlos Barbosa a Montenegro; na BR-386, a ponte sobre o rio Taquari, em Estrela e Lajeado também teve o fluxo retomado, assim como na BR-290, de Eldorado a Santa Maria, com construção de um bueiro. Já no caso da BR-158, de Santa Maria a Cruz Alta, o trânsito ainda ocorre com escolta, apenas para passagens de veículos emergenciais, pois há risco no trajeto. Trânsito liberado também na BR-448, a Rodovia do Parque.

Para o ministro, chama a atenção nesse desastre a amplitude, a velocidade com que as águas subiram e a demora no escoamento, o que dificulta o dimensionamento da crise e o atendimento. “A prioridade agora é salvar vidas, liberar vias para passagem de equipes de resgate e pronto socorro e, depois, pensarmos na reconstrução”, listou.

Rodovias liberadas e em processo de liberação

1 BILHÃO – Em reunião com parlamentares na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, o ministro ainda informou que cerca de R$ 1 bilhão serão destinados pelo Governo Federal à reconstrução de rodovias federais, além do orçamento previamente destinado ao estado de R$ 1,7 bilhão.

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