Ação Social

Bolsa Família completa 20 anos e protege 19,7 milhões da pobreza

Publicado

em

Segundo estudo, modernizações recentes do programa de transferência do Governo Federal ampliam em até 30% a renda de famílias com crianças de até seis anos de idade

O Bolsa Família (BPF) completa duas décadas neste 20 de outubro de 2023. Uma trajetória que mudou destinos, ajudou o país a sair do Mapa da Fome, mexeu com a realidade da economia de vários municípios e, neste mês de outubro, atende 21,45 milhões de famílias. Com as recentes mudanças implementadas pelo Governo Federal, cada beneficiário recebe o mínimo de R$ 600 e há uma série de repasses extras para reconhecer as diferentes conformações familiares.

Com a implementação do Benefício Primeira Infância, houve um aumento do valor médio do programa de 30% para famílias que têm crianças entre zero e seis anos. Isso representou um incremento da renda total das famílias de 23%” Daniel da Mata, professor da FGV e pesquisador

Maria José e os filhos: mudanças no Bolsa Família têm impacto direto na alimentação dos meninos. Foto: Arquivo pessoa

Maria José e os filhos: mudanças no Bolsa Família têm impacto direto na alimentação dos meninos. Foto: Arquivo pessoa

Diante disso, 19,7 milhões (92%) das famílias atendidas estão protegidas da linha de pobreza de R$ 218 per capita. É o melhor percentual já registrado na história do programa de transferência de renda do Governo Federal. Boa parte disso passa, segundo estudos recentes indicam, tem a ver com novidades do programa.

» Bolsa Família implementa benefício a nutrizes e fecha ciclo de modernizações

Um desses estudos foi realizado pelo professor Daniel da Mata (FGV) e pelo diretor adjunto de Estudos Sociais do IPEA Rafael Osório. Os achados foram divulgados no Rio de Janeiro em 26 de setembro, durante o seminário “Bolsa Família 2.0: garantia de renda e mobilidade social”. Eles apontam que a nova cesta de benefícios voltada para a primeira infância tem impacto real na mudança de perspectivas econômicas das famílias.

O Benefício Primeira Infância paga, desde março, R$ 150 adicionais por criança de zero a seis anos. Em outubro, são 9,5 milhões de crianças dessa faixa etária beneficiadas. “Com a implementação do Benefício Primeira Infância, houve um aumento do valor médio do programa de 30% para famílias que têm crianças entre zero e seis anos”, destaca Daniel da Mata. “Isso representou um incremento da renda total das famílias de 23%.”

O pesquisador da FGV aponta que os R$ 150 mensais adicionais reduziram a intensidade da pobreza: “Antes do novo benefício, 64% das famílias com crianças de zero a seis anos estavam protegidas da pobreza. A partir de março, o número foi subindo até atingir, em agosto, 84% das famílias com crianças na primeira infância”.

DIMENSÃO – O impacto é impressionante: 19,7 milhões das 21,2 milhões de famílias contempladas pelo Bolsa Família em agosto já estavam protegidas da pobreza. Três milhões delas conseguiram a evolução a partir de março. O percentual de 92% dos beneficiários é o maior da história do programa. São 48,3 milhões de pessoas, das quais 58,7% são mulheres. Nesse público feminino, 62% são mulheres negras.

“O que mais me saltou os olhos, em termos gerais, é que esse novo desenho conseguiu melhorar a eficácia: gasta-se quase o mesmo recurso e há uma melhor distribuição da renda”, afirmou Da Mata. “O desafio é combater a pobreza de forma que a nova geração consiga sair dela, que haja efetiva redução da pobreza e quebra do ciclo intergeracional, para que essas pessoas tenham melhores oportunidades”, completou.

Antes a dificuldade era maior. Esse aumento ajudou muito a gente. Com os gêmeos recebendo o Benefício Primeira Infância, a gente consegue agora comprar mais coisas, viver melhor. A escola e o cartão de vacina são importantes para nós, porque não podem faltar” Maria José Brandão, mãe solo, beneficiária do Bolsa Família

OUTROS BENEFÍCIOS – Outros benefícios variáveis consolidados pela nova versão do Bolsa Família garantem um adicional de R$ 50 para cada gestante, nutriz (com bebês de até seis meses) e crianças e adolescentes de sete a 18 anos na composição familiar.

Um exemplo prático do que está registrado em planilhas é a família de Maria José Brandão. Aos 40 anos, ela vive com os cinco filhos: os gêmeos Paulo Henrique e Pedro Henrique (5 anos), Anny Vitória (10 anos), Giovana (16 anos) e Eduarda (18 anos). Moradora da Região Administrativa Sol Nascente/Pôr do Sol, no Distrito Federal, ela conta que sempre viveu de bicos, como de manicure.

Com o Benefício Primeira Infância (BPI), os gêmeos recebem R$ 150 adicionais cada, um total de R$ 300. Anny Vitória e Giovana recebem R$ 50 a mais, e somam mais R$ 100 ao orçamento familiar. Com o mínimo de R$ 600 estabelecido, Maria José recebe um valor menal em torno de R$ 1.000.

“Antes a dificuldade era maior. Esse aumento ajudou muito a gente. Com os gêmeos recebendo o Benefício Primeira Infância  a gente consegue agora comprar mais coisas, viver melhor”, pontuou.

Todos os cinco filhos de Maria estão na escola e com o cartão de vacina atualizado, requisitos para continuar recebendo o benefício. Ela não tem dúvidas da importância disso para o futuro. “A escola é o único ponto que a gente tem de olhar para o nosso futuro. A escola e o cartão de vacina são importantes para nós, porque não podem faltar. E é bom porque a gente sabe que tá recebendo o benefício para o futuro dos meninos”.

MÃE SOLO – Maria Lucimar, de 31 anos, vive na Estrutural, região administrativa do Distrito Federal. Veio para a capital federal ainda criança, com 12 anos. Lucimar, assim como Maria José, é mãe solo. Cuida sozinha de cinco filhos: Pedro Henrique é o mais velho, com 13 anos, em seguida veio Ariela da Silva (9 anos), Alessandra (7 anos), Alex (3 anos) e Lucas, com um ano de idade. Os mais novos, de 1 e 3 anos, recebem o Benefício Primeira Infância (BPI).

Com o complemento, Lucimar viu diferença direta no mercado e em casa, na compra dos alimentos para os filhos. “Hoje consigo comprar mais alimentos. Arroz, feijão, frutas e leite para as crianças. Para mim está fazendo diferença diariamente, é uma ajuda a mais”, contou.

Programa de transferência de renda do Governo Federal completa 20 anos em outubro de 2023

SEM FOME – O Bolsa Família é um dos elos essenciais do Plano Brasil Sem Fome, uma estratégia que articula 80 ações e programas de 24 ministérios  para mais uma vez retirar o Brasil do Mapa da Fome. São 100 metas propostas, a partir de três eixos: Acesso à renda, redução da pobreza e promoção da cidadania; Segurança alimentar e nutricional: alimentação saudável, da produção ao consumo e; Mobilização para o combate à fome.

Temos acompanhado o resgate de uma política social respeitada mundialmente, capaz de auxiliar mais uma vez a retirada do Brasil do Mapa da Fome. É muito mais que uma transferência direta de renda, mas uma ação que possibilita o acesso das famílias a direitos básicos, como saúde, educação e assistência social” Eliane Aquino, secretária Nacional de Renda de Cidadania do Ministério do Desenvolvimento e Assistência social, Família e Combate à Fome 

“Temos acompanhado o resgate de uma política social respeitada mundialmente, capaz de auxiliar mais uma vez a retirada do Brasil do Mapa da Fome. É muito mais que uma transferência direta de renda, mas uma ação que possibilita o acesso das famílias a direitos básicos, como saúde, educação e assistência social, por meio das condicionalidades, garantindo mais proteção social para as famílias brasileiras”, destacou a secretária Nacional de Renda de Cidadania do Ministério do Desenvolvimento e Assistência social, Família e Combate à Fome, Eliane Aquino.

ESTUDOS – Outras pesquisas apontam impactos sociais e econômicos significativos gerados pelo programa ao longo de sua história. Um estudo intitulado “Mobilidade Social no Brasil: uma análise da primeira geração de beneficiários do Bolsa Família”, do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS), em parceria com o Oppen Social, FGV e Università Bocconi, traz sinais de uma mobilidade social importnate na base da pirâmide social após a implementação do Bolsa Família (PBF). Os pesquisadores focaram no corte de dependentes com idade entre 7 e 16 anos em dezembro de 2005, que são acompanhados ao longo de mais de uma década, até 2019.

Os resultados mostram que no ano de 2019, 64% desses dependentes do PBF em 2005, que estão com idade entre 21 e 30 anos, encontravam-se fora do Cadastro Único. Da mesma forma, 45% deles acessaram o mercado formal de trabalho ao menos uma vez entre os anos de 2015 e 2019.

Foram avaliadas ainda a qualidade do emprego formal ao qual esse grupo se insere, comparado com a média de não beneficiários do programa no período, e outros indicadores de mobilidade social. Todos sugerem uma significativa melhora socioeconômica desses que foram beneficiários do Bolsa Família em 2005.

Mobilidade que é o sonho de Christiane Barbosa, de 25 anos. Ela investe para que os seus dois filhos, Yasmin e Sophya, tenham um futuro mais bonito pela frente. Moradora da região administrativa do Itapoã, em Brasília, ela recorreu ao auxílio do governo após incessantes buscas por um emprego, que ficou ainda mais difícil quando engravidou. “Para arrumar serviço sem filho já está difícil, imagina grávida. Corri atrás do Bolsa Família e deu tudo certo, graças a Deus. O foco agora é educar meus filhos para que não precisem passar pelo que passei”, afirmou.

COMENTE ABAIXO:

Andreazza Joseph é um dos muitos potiguares talentosos que estão espalhados pelo mundo, multifacetado, possuindo formação em Direito e Jornalismo, além de atuar como produtor audiovisual na AgênciAzzA. Com sua paixão pela cultura nordestina, ele se destaca como um cordelista e multi-instrumentista. Sua habilidade em diversas áreas o torna uma figura versátil e criativa, trazendo uma perspectiva única para cada matéria que escreve."

Propaganda

Ação Social

Governo promove ações de combate à exploração infantil no turismo

Publicados

em

Para sensibilizar empreendedores turísticos, Ministério do Turismo reafirma a importância da adesão ao Código de Conduta Brasil, que tem experiências de boas práticas da ONU Turismo para prevenção e enfrentamento ao crime de violência sexual contra crianças e adolescentes

Na Semana Nacional de Combate à Exploração Sexual Infanto Juvenil, cuja data é marcada para o dia 18 de maio, o Ministério do Turismo (MTur) está promovendo uma ação de sensibilização para incentivar parceiros do setor a aderirem ao Código de Conduta Brasil. A iniciativa é voltada para prevenção e enfrentamento ao crime de violência sexual contra crianças e adolescentes, ao mesmo tempo que fortalece o turismo responsável no país.

Acesse o site e saiba mais.

O Código de Conduta Brasil, criado pelo MTur, tem com base as experiências de boas práticas da ONU Turismo e é um instrumento de compromisso, de livre adesão, que estabelece padrões de comportamento ético de empresas e prestadores de serviços turísticos, seus funcionários e colaboradores. O objetivo é orientar o setor como agir e a adotarem uma posição explícita de repúdio à exploração sexual contra crianças e adolescentes.

O Governo Federal entende que precisamos dar as ferramentas legais para que quem está na ponta e o Código de Conduta é um excelente instrumento que orienta o nosso setor a como agir no sentido de coibir práticas violentas que envolvam nossas crianças e jovens. E nós, do Turismo, podemos combater tais atos pelo acolhimento e denuncia” Celso Sabino, ministro do Turismo

O ministro do Turismo, Celso Sabino, reforçou a importância da união de todos para o combate a esse crime. “Nós, como Governo Federal, entendemos que precisamos dar as ferramentas legais para que quem está na ponta e o Código de Conduta é um excelente instrumento que orienta o nosso setor a como agir no sentido de coibir práticas violentas que envolvam nossas crianças e jovens. E nós, do turismo, podemos combater tais atos pelo acolhimento e denuncia”, afirmou.

A estratégia envolve ações de disseminação de informação e capacitação, de modo que funcionários e parceiros comerciais tenham mais esclarecimento sobre o tema e saibam como proceder em casos suspeitos, desde a identificação suspeitos até as denúncias ao Conselho Tutelar e Disque 100.

A coordenadora de Turismo Responsável do MTur, Laís Campelo, explicou que “prevenir a exploração de crianças e adolescentes é um dever de todas as pessoas, por isso, o turismo também é responsável por atuar no enfrentamento a esse crime. Assim o Código de Conduta se soma às ações públicas para prevenção à exploração sexual de crianças e adolescentes, em especial, pela reafirmação da conduta ética dos estabelecimentos turísticos com a legislação brasileira”.

Parceira do MTur, a rede de hotéis Accor está trabalhando junto na mobilização do setor para maior adesão ao Código de Conduta. Em live realizada para a rede hoteleira foi possível promover o compartilhamento de responsabilidade e incentivar que mais hotéis passem a incluir a estratégia junto aos prestadores de serviços turísticos, para maior cuidado com os viajantes.

“Reconhecemos a importância de parcerias estratégicas, como a estabelecida com o Ministério de Turismo, na adesão ao Código de Conduta Brasil. Elas são fundamentais para fortalecer os nossos esforços para garantir um ambiente seguro para todas as crianças”, comentou Magda Kiehl, SVP Jurídico, Compliance & Corporate Security da Accor Américas na divisão Premium, Midscale & Economy.

PARTICIPE — As empresas e prestadores de serviços turísticos que se comprometerem com o enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes no contexto do turismo deverão estar cadastradas no Cadastur e firmar Termo de Compromisso por meio do Sistema de Monitoramento do Código de Conduta.

COMENTE ABAIXO:
Continue lendo

CATEGORIAS

CATEGORIAS

CATEGORIAS

CATEGORIAS

MAIS LIDAS DA SEMANA